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HISTÓRIA DO MUNICÍPIO

Contexto Histórico Mundial e Nacional

A História da ocupação do território onde está localizado o atual município de Nova Fátima deve ser compreendida dentro do contexto histórico de desenvolvimento da região Norte do Paraná, onde se encontra inserido o citado município, ocorrida nas décadas de 1910, 1920, 1930 e 1940. Vale destacar que houve um período de formação, ocupação e invasões nos séculos anteriores, antes da criação do povoado na década de 1940 que mais tarde originou o município de Nova Fátima.

Para se compreender melhor a história do município de Nova Fátima é assaz necessário, que se estude a chamada macro-história que engloba o Paraná, Brasil e o mundo no final do século XIX e início do século XX. Afinal a História de um município não é algo isolado, sem relação com o contexto regional, nacional ou internacional que o cerca.

Desde o final do século XVIII, o governo monárquico português se preocupava em organizar e realizar expedições militares para conquistar e colonizar territórios no interior da América Portuguesa. Isso causou o surgimento de inúmeros núcleos de povoamento, como no interior do Paraná, constituídos por fazendas de gado.

Na segunda metade do século XIX foi criada a província do Paraná, em 1853, desmembrada da província de São Paulo. A sua capital era e é até hoje a cidade de Curitiba. A luta pela criação da província do Paraná foi dura e bastante árdua, marcada por embates políticos e disputas durante o Período Joanino (1808-1821) e depois da independência do Brasil, em 1822.

Durante os governos de D. Pedro I (1822-1831) e dos regentes, no Período Regencial (1831-1840), a luta pela emancipação político-administrativa do Paraná com relação à província de São Paulo se acirrou. A escalada levou a conquista da emancipação, em 1853, já no governo de D. Pedro II, no 2º Império (1840-1889).

A partir de tal fato histórico, uma das grandes preocupações dos governos paranaense e imperial foi a “ocupação” de áreas que ainda não tinham sido incluídas no processo capitalista e urbano, isto é, não eram “civilizadas”. Assim, as expedições militares realizadas no período almejavam catequizar os índios, como os guaranis. Como construção militar deve lembrar-se da criação da Colônia Militar de Jatahy, em 1851, por João da Silva Machado, mas conhecido como Barão de Antonina onde hoje se localiza o município de Jataizinho, nas margens dos Rios Tibagi e Paranapanema. Tal terra foi conseguida em 1842, pelo citado Barão, por ocasião da Revolta de Sorocaba. Tal área também abarca o atual município de Nova Fátima. Em 1855 ocorreu a fundação da Colônia Militar de Jatahy.

Vale mencionar que na segunda metade do século XIX, o Brasil era governado pelo Imperador D. Pedro II. A Guerra do Paraguai (1864-1870) ainda vertia sangue nas províncias e planaltos do Paraguai e do Brasil, quando começava lentamente o processo de decadência da monarquia brasileira.

O movimento republicano, a questão militar, a questão religiosa, o movimento abolicionista, o fim do tráfico negreiro, em 1850 e o conseqüente fim da escravidão, em 1888, foram decisivas para o fim da própria monarquia. A dinastia dos Orleans e Bragança chegava ao fim com a Proclamação da República, em 1889, feita pelos militares Benjamin Constant e Deodoro da Fonseca. Contudo, a preocupação com a “ocupação” do chamado Oeste, conhecido também como sertão do Brasil, era candente.

O mundo, mais especificamente a Europa Ocidental e os Estados Unidos, enfrentava grandes transformações sociais, políticas, internacionais e econômicas. A Segunda Revolução Industrial impelia vários países a investirem e colonizarem vastas áreas na África e Ásia. Estados como o Reino Unido, França, Alemanha e Itália criaram colônias nos continentes africano e asiático. Um dos motivos foi a necessidade dos países industrializados de conquistarem novas fontes de matéria-prima e novos mercados consumidores para as suas crescentes indústrias. Era o chamado imperialismo, negociado através da diplomacia ou imposto via a “diplomacia do canhão”.

As culturas dos povos dominados eram desconsideradas pelos povos colonizadores. Tratava-se da crença da época da existência de culturas superiores e melhores do que outras. Guerras se tornaram freqüentes como a Guerra dos Böers (1899-1902), na atual África do Sul.

Já na América Latina, o imperialismo se revelou de uma forma diferente. Como a maior parte da região já possuía países independentes, como o Brasil, Argentina, México, Chile e Paraguai, ela sofreu com o imperialismo econômico. Os Estados Unidos da América e países europeus, principalmente o Reino Unido, no final do século XIX e início do século XX, trataram de conseguir a dominação apenas econômica sobre a América Latina. Então, vultosos capitais foram investidos para defenderem os interesses das indústrias britânicas e estadunidenses.

No Brasil, no final do século XIX, o país que mais o influenciava economicamente era o Reino Unido. Não se pode esquecer que Londres era a sede do maior império do mundo, o britânico, em que o Sol nunca se punha, segundo a Rainha Vitória.

A crescente dívida externa brasileira com o Reino Unido permitia ao governo e empresas britânicas investirem em áreas consideradas “desabitadas” e não “civilizadas” do Brasil, principalmente em direção ao Oeste do país.

O governo de D. Pedro II, em 1889, concedeu terras para a construção de ferrovias na região do Rio Paranapanema, mais especificamente entre os Rios Itararé e Tibagi, em prol da empresa que era responsável pela Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, que abrangia terras nas regiões Norte, Oeste e Sudoeste do Paraná.

No final do século XIX a relação comercial entre o Brasil e o Reino Unido era intensa bem como a dependência econômica brasileira cresceu consideravelmente dos capitais britânicos, através da concessão de empréstimos por Londres.

Também é importante destacar a crescente influência dos Estados Unidos no Brasil, principalmente a partir da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), quando começou a ocorrer a decadência da Europa Ocidental e mais destacadamente, do Reino Unido, como centro da economia capitalista mundial.

A crise do liberalismo nas três primeiras décadas do século XX, em solos europeu e da América do Norte marcaram a política e economia mundial. Nesse sentido, a Primeira Grande Guerra Mundial (1914-1918) foi um duro golpe nas idéias liberais, já que foi uma das causas da emergência das idéias ditatoriais como o nazismo, na Alemanha, e o fascismo, na Itália, durante as décadas de 1920 e 1930.

No final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, os movimentos migratórios se intensificaram principalmente com a chegada de imigrantes europeus, japoneses, árabes (de nacionalidade libanesa e síria principalmente) aos países americanos, com destaque para o Brasil. Os países europeus se tornaram grandes núcleos irradiadores de emigrantes, com destaque para a Alemanha, Itália, Espanha, Portugal, Polônia, Rússia e Ucrânia. O Brasil recebeu, em sua Região Sul, mais destacadamente, vários imigrantes alemães, italianos, poloneses e ucranianos.

A Província do Paraná, ainda sob a égide do governo de D. Pedro II e depois, já como Estado, no período da República, recebeu grande quantidade de imigrantes. Em sua região norte, os destaques foram para a forte presença de imigração italiana, alemã e japonesa. Isso se verificou na cidade de Nova Fátima, principalmente com os imigrantes japoneses, atraídos pela agricultura do café.

Tais grupos de imigrantes se deslocaram até o Brasil, devido às crises econômicas e as guerras em seus respectivos países e o sonho alimentado de conseguirem terras para trabalharem na agricultura. Assim, eles vieram, para a região Norte do Estado do Paraná, com o objetivo de trabalharem com o café, principalmente.

Mesmo com o domínio do café no Brasil, a sua economia já demonstrava sinais de uma lenta e progressiva diversificação. Com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o país se viu obrigado a realizar uma Política de Substituição de Importações. Vale lembrar que o Brasil importava quase todos os produtos industrializados que consumia dos países da Europa Ocidental. Como tal região se encontrava em conflito, houve a necessidade de se produzir produtos industrializados, como bebidas, remédios, roupas e alimentos, no território brasileiro. Surgiu, então, uma crescente classe de trabalhadores operários cada vez mais insatisfeitos com as estruturas políticas e econômicas vigentes no país.

Até a década de 1920, o Estado de São Paulo foi o mais importante produtor de café do Brasil, sendo esse país dependente do chamado “ouro verde”. Contudo, com a crise da República Velha, na década de 1920, marcada pelo tenentismo, Coluna Prestes (1924-1927), desentendimentos entre as oligarquias paulista e mineira, surgimento de uma classe operária e chegada de idéias socialistas e anarquistas ao país, o domínio das oligarquias ligadas ao setor agropecuário estava sob séria ameaça.

Isso se tornou mais real com a Queda da Bolsa de Nova York, ocorrida em 24 de outubro de 1929, nos Estados Unidos. O crash na citada bolsa de valores não foi apenas uma crise momentânea do capitalismo estadunidense, mas uma crise estrutural do capitalismo nos Estados Unidos e no mundo. O efeito foi avassalador. Os países europeus que estavam se recuperando economicamente da Primeira Guerra, foram novamente atingidos por graves problemas. O repatriamento, pelos Estados Unidos, de capitais investidos e emprestados para a Europa Ocidental, aliado à queda nas importações feitas pelos estadunidenses, provocaram o recrudescimento dos problemas econômicos e sociais como desemprego, miséria, violência e empobrecimento em Estados como a Alemanha e Itália. O impacto da crise de 1929 não deve ser julgado apenas por seus efeitos políticos. Tratou-se de uma grande catástrofe que destruiu toda e qualquer esperança de restaurar a economia e a sociedade, do longo século XIX (HOBSBAWM, 1995: p.111).

No Brasil, a crise também foi sentida. A maior porcentagem do café exportado ia para os Estados Unidos. Com a Queda da Bolsa de Nova York e a posterior Crise de 1929, os Estados Unidos diminuíram drasticamente as importações de café do Brasil. Rapidamente os ventos da crise arrasaram a economia brasileira. Falências, desespero, dívidas, empobrecimento e desemprego foram alguns dos problemas verificados em solo brasileiro.

Vale ressaltar, que devido a grande importância do café para a história de Nova Fátima, faz-se necessário alguns esclarecimentos sobre a questão do café no cenário paranaense e nacional, nas décadas de 1930 e 1940. Entre os anos de 1930 – 1944, houve uma fase recessiva para a produção brasileira de café. Isso marcou o início do estrangulamento da produção cafeeira, principalmente em São Paulo, maior produtor de café, sendo a solução encontrada a busca de novos rumos para a economia (CANCIAN, 1981: p.68). Em tal período ocorreu o plantio de novos cafezais, a fragmentação de propriedades e a colonização dirigida por empresas particulares.

No Paraná, bem diferente do Estado de São Paulo, não havia uma imigração subvencionada para as áreas cafeicultoras. Entre as décadas de 1930 e 1950, a força de trabalho necessária para os cafezais era composta de migrantes paulistas e mineiros, que já cuidavam das atividades de formação e cultivo do café e de imigrantes japoneses e italianos, principalmente, bem como de “caboclos”, considerados especialistas em derrubar a mata (TOMAZI, 1997: p.169).

Logo, a política que se encontrava bastante instável, iria sentir duramente o impacto da crise econômica. Em 1930, ano de eleições presidenciais, o país viu estarrecido, a explosão de uma revolução que alçaria à presidência da república o político gaúcho Getúlio Dornelles Vargas. Tal fato ficou conhecido como a Revolução de 1930.

Encerrou-se um período importante da História do Brasil e começou a Era Vargas (1930-1945).

O Governo Vargas, durante o Estado Novo (1937-1945), lançou o programa “Marcha para o Oeste”, que visava dominar, integrar e ocupar o chamado “sertão” brasileiro ao mundo moderno, leia-se capitalista, urbano e industrializado. Nesse sentido, a região norte do Paraná, onde se encontra o município de Nova Fátima, é um exemplo de sertão que deveria ser colonizado, como de fato foi através de grupos de imigrantes. Contudo, não se pode esquecer que tal área já era habitada anteriormente por caboclos e grupos indígenas, como os Kaingangs e Guaranis, desconhecidos e ignorados pela história oficial.

Durante o Governo de Getúlio Vargas, a sociedade, o Estado e a economia brasileira sofreram grandes mudanças. Iniciou-se a revolução industrial brasileira através de grandes investimentos estatais na criação de indústrias, principalmente as de base, como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em 1940, no setor siderúrgico, e a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), e, 1942, no setor de mineração.

Ao mesmo tempo, o governo do presidente Getúlio Vargas decidiu entre os anos de 1930 e 1937 que compraria todo o café excedente, através de emissão de moeda nacional e, em seguida queimaria o produto. Isso evitou a queda dos preços e aos poucos revigorou a economia cafeeira e do país, por conseqüência. O governo incentivou a diminuição das áreas de plantações de café no Estado de São Paulo, mas em Estados como o Paraná, que ainda eram pequenos plantadores de café, os efeitos foram benéficos, incentivando a ampliação das áreas de plantio, principalmente na região norte do Estado, onde se encontra Nova Fátima.

Contexto Histórico Estadual e Regional

Havia uma preocupação em se construir uma ocupação, uma comunicação e uma estrada que ligasse as áreas povoadas do país, para com o Mato Grosso e Paraguai.

Somente nas três últimas décadas do século XIX se incrementou a ocupação em função da expansão da fronteira agrícola paulista que, com o café, já estava nos limites do Estado. Mineiros e paulistas convergiam para a região formar fazendas de café, desenvolvendo vários núcleos urbanos como Cambará, por exemplo, no chamado Norte Pioneiro ou Velho.

A partir da década de 1860, o vale do Rio Paranapanema, entre os Rios Tibagi e Itararé, passou a recepcionar fazendeiros paulistas e mineiros, interessados em cultivar o café. Tratava-se de uma extensão do processo de expansão da cafeicultura paulista em direção ao Oeste Paulista e ao Norte Paranaense. A presença do café ajudou na formação de cidades no chamado Norte Velho, fundamental para a sua (re)ocupação e também para a colonização do Norte Novo, onde se localiza Londrina.

Não se pode esquecer que na primeira metade do século XX, a colonização da região Norte do Paraná foi feita através de concessões de terras por parte do Governo do Estado do Paraná para a criação de cidades e de loteamentos de terras. Foi o caso da Companhia Colonizadora Barbosa Ferraz, que ajudou na criação dos municípios de Sertaneja e de Rancho Alegre localizados no norte do Paraná, ou seja, na mesma região onde se situa Nova Fátima. Faz-se necessário, então, analisar rapidamente como ocorreu o processo de (re)ocupação da região norte do Paraná, onde se situa Nova Fátima, para compreender melhor a sua história.

Em 1918 tiveram início as missões diplomáticas e econômicas por parte do governo do Reino Unido em direção ao Brasil. Isso ocorre porque os britânicos estavam perdendo a preferência do mercado brasileiro para os produtos alemães e estadunidenses. É que a política econômica brasileira é reorientada para atender os interesses dos Estados Unidos e da Alemanha.

No ano de 1923, durante o governo do presidente Arthur Bernardes (1922-1926), o Brasil já possuía uma alta dívida externa com o Reino Unido, principalmente. Assim, um grupo de representantes de bancos britânicos veio para o país com o intuito de renegociar a expressiva dívida externa brasileira, em 30 de dezembro de 1923. Tal visita foi conhecida como Missão Montagu ou Missão Inglesa. Ela foi chefiada por Edwin Samuel Montagu e representava os interesses de M.M. Rottschild e Sons. Tinha como objetivo analisar a situação econômica do Brasil. Um dos integrantes era Sinon Joseph Frazer, conhecido como “Lord Lovat”, perito em agricultura que visitou a fazenda do major Barbosa Ferraz, dono da Companhia Colonizadora Barbosa Ferraz, no Norte do Paraná, que era produtora de café. Lord Lovat retorna ao Reino Unido para expor seus planos de comprar terras no Brasil, principalmente no Paraná, já que este estava vendendo-as por um preço baixo. Também tinha intenção de verificar as potencialidades agrícolas das terras brasileiras para o cultivo do algodão. A Missão Montagu retornou para o Reino Unido em 1924.

São compradas as fazendas Guatambu, em Birigui, e Caíua e Santa Emília em Salto Grande, para se cultivar algodão. Funda-se a Brazil Plantations Syndicate Ltd., gerenciada por Arthur H.M. Thomas, mas a cultura do algodão não teve sucesso, devido à queda dos preços no mercado internacional, a Revolução Paulista, de 1924 e à qualidade das sementes (TOMAZI, 1997: p. 182).

Entre os anos de 1924 e 1927 ocorreu a construção da Estrada de Ferro entre Ourinhos e Cambará. Em 1924 o governo britânico adquiriu junto ao governo do Paraná uma área grande no Norte do Paraná, para colonizar a área, em um total de 515.000 alqueires paulistas de terras devolutas. Objetivavam muito mais o lucro do que a produção. O preço estipulado pelo governo paranaense foi de 8.000 mil réis por hectare, sendo que se pagou um mil contos de réis à vista, e o restante foi sendo pago a medida que iam sendo vendidos os lotes de terras ao longo de doze anos.

Vale lembrar que no dia 24 de setembro de 1925 foi fundada pelos britânicos a Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), com sede em terras brasileiras, subsidiária da Paraná Plantations Ltd. com a matriz em Londres, no Reino Unido, comandada por Lord Lovat. Foi nessa época que a CTNP adquiriu o controle da Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná, e resolveu estender a Ferrovia para além do Rio Tibagi, em direção as suas terras.

Em 1928, a mencionada companhia adquiriu o controle da Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná. Sua estrada de ferro chegava até a cidade de Cambará. Tal estrada foi fundamental para o sucesso do loteamento de terras e colonização do norte do Paraná, pois servia de escoamento da produção de café e madeira para o Porto de Santos, no Estado de São Paulo. Vale lembrar, que a mencionada estrada foi construída por iniciativa de um grupo de fazendeiros (Antonio Barbosa Ferraz Júnior, Antonio Ribeiro dos Santos, Willie da Fonseca Brabazon Davids, Leovigildo Barbosa Ferraz, Gabriel Ribeiro dos Santos e Manoel da Silveira Corrêa), moradores no Paraná, a partir de 1920, fazendo a ligação ferroviária entre São Paulo e Paraná pelo Rio Paranapanema. Ela se chamava Estrada de Ferro Noroeste do Paraná que depois teve o nome modificado para Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná (TOMAZI, 1997: p.167).

Não se pode esquecer que a questão dos “caminhos”, leiam-se ferrovias ou rodovias, era fundamental para o Paraná no início do século XX, pois havia a inexistência, nas duas primeiras décadas, de um sistema de transporte adequado para escoar a produção.

Nessa mesma época, no dia 22 de agosto de 1929 marcou a fundação do Patrimônio Três Bocas (atual Marco Zero, antiga Anderson Clayton), que originou a atual cidade de Londrina. A primeira clareira feita para abrigar o início da construção da citada cidade ocorreu em 21 de agosto de 1929. George Craig Smith, então funcionário e fotógrafo da Companhia de Terras do Norte do Paraná, foi o líder da Primeira Caravana realizada para o Patrimônio Três Bocas.

Assim, nota-se que toda a região Norte do Estado do Paraná, tanto em áreas do Norte Pioneiro como do Norte Novo, a colonização avançava através das companhias colonizadoras.

Destacou-se, principalmente, a existência de companhias de colonização de capital nacional ou internacional, que compraram ou conquistaram o direito sobre a citada região, onde começaram um grande processo de loteamento, notoriamente com caráter especulativo.

Assim, os Estados produtores e o governo federal fizeram um Segundo Convênio Cafeeiro, em 1927, para a defesa conjunta do produto, e estabeleceram cotas de produção e de exportação a cada um dos Estados envolvido nessa atividade.

Como o Paraná era um pequeno produtor de café, sem grande expressão nacional, não foi incluído nos rígidos controles de produção estabelecidos pelo governo federal no país, o que incentivou a vinda de tradicionais cafeicultores paulistas e mineiros para o território do Paraná, principalmente para o norte do Estado, atraídos pela fertilidade da terra roxa e pela possibilidade de produzir café sem os rígidos controles de produção do governo federal.

O plantio de café beneficiou o projeto de colonização do Norte Novo. Apesar de na década de 1920, o Instituto Paulista do Café, ser o órgão responsável pela organização das exportações nacionais e beneficiar exclusivamente São Paulo, o fato de no Paraná os cafezais serem novos, garantiu a produção ininterrupta paranaense, mesmo com a Queda da Bolsa de Nova York, quando o governo federal lançou uma série de medidas restritivas visando conter o aumento da produção do produto.

Mesmo assim, em 1920, grandes parcelas das terras paranaenses ainda eram recobertas por vegetação de Floresta Latifoliada Tropical original. A agricultura ainda não possuía grande importância (CANCIAN, 1977: p. 234). Esse fato se modificou consideravelmente nas próximas décadas. Havia, então, uma preocupação notória por parte dos proprietários e das companhias no loteamento de terras e em sua valorização.

História do município de Nova Fátima

Assim, a chamada colonização da área onde hoje se situa o município de Nova Fátima começou efetivamente na década de 1940, através da chegada de migrantes e imigrantes.

Trata-se de um povoado que foi fundado na década de 1930, nas margens da estrada que ligava Cornélio Procópio a Congonhinhas, pelos senhores Pedro Marçal Ribeiro, Sebastião Nicolau Fróes, João Canedo, Martiniano de Campos, Rosa Adriano Consolim, João Batista Fróes e José Fernandes Fróes. Nessa época o patrimônio passou a ser chamado de Divisora, por servir de divisa entre três fazendas.

No ano de 1940 chegou à região Antônio José Fogaça, mais conhecido como “Antônio da Luz”, que instalou a primeira casa comercial da localidade. Ainda em 1940, Antônio José Fogaça adquiriu de Maria da Conceição de Carvalho Macedo, uma propriedade de 10 alqueires de terra, em torno do patrimônio de Divisora e começou a loteá-lo. Assim, toda a localidade passou a ser conhecida como Patrimônio da Luz, em homenagem ao Senhor Antônio José Fogaça.

Deve-se destacar também a extração de madeira no início da história da formação do município, pouco relatada e documentada.

A cultura do café foi o grande destaque já no início da história do Patrimônio da Luz, hoje conhecido como Nova Fátima. O “ouro verde” atraiu muitos imigrantes, entre as décadas de 1940 e 1960, principalmente japoneses. Também merecem destaque a presença de pequenos grupos de italianos, espanhóis, alemães e árabes que vieram diretamente de seus países ou chegaram a outros Estados do Brasil, como São Paulo, para depois se dirigirem ao Paraná e mais especificamente, à Nova Fátima. Também merecem destaque os migrantes nordestinos, paulistas e mineiros que vieram para a citada localidade atraídos pela cultura do café.

A suinocultura era explorada extensivamente e José Pires foi um dos principais produtores da localidade. Ainda na década de 1940, os animais eram levados até o município de Santo Antonio da Platina, onde eram comercializados.

Tais grupos de migrantes e imigrantes introduziram o cultivo de subsistência de gêneros agrícolas como o milho, o arroz e o feijão. Assim, migrantes e imigrantes como Gustavo Schenfelder, Lupércio Amaral Soares e Carlos Ross também vieram para a localidade.

Em 1942, começou a ser construído o primeiro prédio para sediar uma igreja que pertencia à Igreja Católica Apostólica Romana. Em 1944, foi inaugurada a Capela de Nossa Senhora da Luz, padroeira da localidade, passando, dessa data em diante, o povoado ter a mesma denominação, sendo que o seu primeiro padre foi Ângelo Rotondi. Já a primeira missa foi rezada pelo frei Demétrio de Dueville, na residência de João Batista Fróes. O desenvolvimento da localidade teve fundamental ligação com a construção da Capela de Nossa Senhora da Luz.

Pelo Decreto-Lei nº. 92, de 14 de setembro de 1948, o Patrimônio da Luz foi elevado à categoria de Distrito Judiciário, com a denominação de Tulhas.

O distrito de Tulhas foi emancipado através da Lei Estadual Nº. 790, de 14 de novembro de 1951, e instalado em 14 de dezembro de 1952, com território desmembrado de Congonhinhas e passou a ser denominado como Nova Fátima. Com a instalação do município, tomou posse o primeiro prefeito municipal eleito, Sebastião Nicolau Fróes, e também Ramiro Fraiz Martines que presidiu a Câmara Municipal.

O nome Nova Fátima, ao que tudo indica, foi sugerido por Dom Geraldo de Proença Sigaud, então bispo da paróquia de Jacarezinho. Ele teria afirmado na época, que encontrou muitas semelhanças entre a topografia regional de Nova Fátima com a da cidade de Fátima, em Portugal, mundialmente conhecida pela aparição de Nossa Senhora de Fátima, para três crianças pastoras. Essa denominação encontrou muita resistência por parte dos pioneiros, devotos de Nossa Senhora da Luz, que não admitiam a troca da padroeira. Contudo, foi adotado o novo nome o que demonstrou a força e importância da Igreja Católica Apostólica Romana no início da história de Nova Fátima. A vista do prédio da Igreja Matriz de Nova Fátima.

Não se pode esquecer que no início da sua história, Nova Fátima possuía estradas e ruas de terra, fato que mudou consideravelmente nos anos seguintes, com o crescimento do cultivo do café na localidade.

Os primeiros moradores tiveram que realizar várias derrubadas de árvores, já que a Floresta Latifoliada Tropical era vista como um entrave para o chamado “progresso”. Assim, provavelmente a extração de madeira foi uma atividade importante nas décadas de 1930, 1940 e 1950, apesar de existirem poucos registros sobre ela.

Posteriormente, recebeu grande leva de migrantes paulistas, mineiros e nordestinos. Com relação à chegada de grupos de imigrantes, vale destacar a provável presença da imigração de origem européia e japonesa atraídos pela agricultura do café.

A presença de grupos indígenas não é citada quando do início da colonização no atual território do município de Nova Fátima, apesar dos relatos dos moradores mais antigos e de pioneiros sobre a existência de tribos indígenas quando ocorreu a colonização do território onde hoje se localiza o município. Também não se pode esquecer de que existem muitos moradores que são descendentes de índios, como Erci Xavier Pavarina, que desempenha o cargo de orientadora educacional na Escola Municipal Maria Pura M. Fraiz.

Nesse sentido, enquadram-se as terras adquiridas pela Companhia Agrícola Barbosa Ferraz, no norte do Paraná, próxima a Congonhinhas, entre os anos de 1940 e 1945, então pertencentes ao município de Cornélio Procópio. O Brasil vivia sob a égide do governo de Getúlio Vargas, no chamado Estado Novo. Um dos seus grandes projetos governamentais era ocupar áreas mais interioranas que não tinham sido “civilizadas”. Era a chamada Marcha para o Oeste.

A idéia era plantar e produzir café na região, incentivados pelo governo federal e pela decadência do café no Estado de São Paulo, até então o principal produtor brasileiro.

Nova Fátima é comarca desde 1967, possuindo um fórum. O seu primeiro juiz de direito foi Jair Ramos Braga e o seu primeiro promotor foi Areli Silva Correia. Ela teve alguns juízes de Direito como Jair Ramos Braga, Cicero da Silva, Celso Araújo de Guimarães, Elynice Sondalh Mattos e Sergio Alves Gomes.

Então, pode-se afirmar que café foi a atividade econômica mais importante entre as décadas de 1940 e 1960. Com o início da sua crise do café, na década de 1960, houve uma diversificação das atividades agrícolas o que levou ao plantio de algodão. O auge econômico de Nova Fátima coincide com o período de prosperidade trazido pelo café e algodão, entre as décadas de 1950 e 1970. O algodão passou a dividir com o café a condição de principal atividade econômica agrícola. Contudo, na década de 1970, com a decadência do café, e com o início, nos anos 1990, da crise do algodão, o município enfrentou e enfrenta um longo período de declínio econômico e no número de habitantes. Ao mesmo tempo, o plantio de trigo, milho e principalmente soja avançou substancialmente nos últimos anos. A partir da década de 1970 ocorreu uma diversificação na agricultura, com o cultivo de soja, trigo. A fruticultura, nos dias atuais, cresce consideravelmente, através do abacate, abacaxi, laranja e uva. Também merece destaque a pecuária bovina e de aves.

Com a crise do café e do algodão, o município de Nova Fátima sofreu e sofre bastante com o êxodo rural e a migração de moradores para cidades maiores.

Ademais, a partir das décadas de 1970 e 1980 houve a expansão do algodão, da soja, do trigo e do milho. Os três últimos cultivos são dominantes hoje na economia agrícola fatimense.

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